segunda-feira, 13 de junho de 2011

não tanto

A tua pele suave, não te vejo mais, sinto o teu toque cortante, fogo inabalável crista de galo lutador, o olhar compenetrado no inimigo tu me olhas com olhos de sangue seco. Vem com a boca arreganhada cheia de dentes e derrama o teu ácido na minha língua, mordida no fruto proibido, estamos condenados a sermos eternos amantes infinitos amantes distantes. Considero-te num polo longínquo onde quase não alcançam os olhos do meu espírito mas tu estás lá, num pedestal erguido com soberana obediência, um castelo erigido em teu nome com o teu nome porque só o teu nome ressoa em minha prece. Penso, logo tu existes. Nenhuma existência minha é justificada sem a tua presença inevitável sem o teu cheiro de mar o teu sal o teu suor molhando as páginas do meu livro de mágoas, a minha coleção de desafetos de dissabores que tu fazes questão de... Acalma-te, minha impaciência é meu amor ensanguentado, o pulo da fera a mordida violenta no pescoço da virgem trêmula os meus dedos forjando o fogo no teu seio agarro os teus braços furioso e te sacudo para ver se acordas: melhor que eu, mas não que te ame e que possa te amar tanto.

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