Estou afogado entre essas
quatro paredes azuis
que são a minha pequena
porção do Céu
e me sufocam até o último
trêmulo suspiro da alma.
Os escombros de uma vida
inteira amontoam-se sob um
telhado de barro onde dorme
o sol de um amanhecer intranquilo.
E não há nada a ser feito
quanto a essas criaturas
que debatem-se e explodem
num rojão portentoso e lascivo,
como mel escorrendo da boca
entreaberta de uma virgem enlouquecida.
E que, logrando a liberdade de nossos
ares impuros, mergulham
no mar de minha mente,
e só então meu corpo deixa de ser
apenas um punhado de carne
embrulhado num frágil esqueleto
de mortalidade.
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