sábado, 28 de maio de 2011

retalhos

anali anali! dança em mim o teu corpo envolto em uma espessa fumaça roxa e o teu rosto teus cabelos acariciando-me doce afago em minha pele delirante.. . . . ... o teu fogo aberto crepitando sob a sombra de meu peito meus braços trancados nos teus nas tuas costas na tua nuca teu suor escorrendo em mim como se fosse meu e é meu porque somos um anali, nessa noite nessas noites em todas as noites somos um. eu que te sonhei eu que te criei à luz de minha vontade mas a poesia anali a poesia está em ti e essa é tua, ninguém te tira e é ela que corre agora em minhas veias é tu quem corre em minhas veias e a tua respiração ofegante e o ar saindo por entre os teus lábios ligeiramente displicentemente abertos calados mudos agônicos. sem gravidade. estamos voando para dentro da nossa mente encarnada em lascívia poética em romantismo de amantes loucos e não negamos sê-lo e sobretudo eu o absurdo o inconcebível sonhador criador de mundos insatisfeito com a dureza da matéria com a clareza da realidade eu que transcendo sem transcender, apenas no meu olhar as coisas se transformam e o sentido de tudo está muito além da carcaça que se lhe encerra. que fazer quando a encenação e o cenário não bastam? dança, anali, derruba tudo e deixa que eu junte os cacos de todos os copos e pratos quebrados o resto do nosso jantar à luz do fogo de estrelas milenares nos mastigando nos fustigando com seus dentes incandescentes com suas torturas de pura beleza pura para nossos olhos muito acomodados em ares impuros e tudo o que é belo tudo o que é real nos soa estranho e quiçá impossível. impossível, anali, tudo o que se projeta para frente todo o presente no futuro é claramente irreal ideal imaginário. é por isso que sento todos os dias com meus pés balouçando no vazio e minhas mãos caçoam as nuvens e o s anjos lá em cima eu estou perdido entre os teus seios o meu rosto imerso entre os teus dois seios e tudo isso é mentira porque a mentira é muito mais bela que a nossa vida. Inventemos, anali, a vida nossa e a dos outros inventemos nosso mundo de cores inconcebíveis e quadros de magritte e vamos vende-lo nas esquinas por um ou dois reais e depois abrimos franquias por todo o mundo e começamos a vender por todo o mundo para todo o mundo o nosso mundo inventado o nosso mundo de perfeita alucinação jamais plausível. anali, perdoa-me por ser excessivo perdoa-me por ser mais que intenso perdoa-me por ser o cometa que planeja te atingir ferozmente e deixando em ti uma cratera uma cicatriz uma lembrança eternamente cravada na pele do corpo na pele da alma: só em ti eu encontro desejo para tanto. para tanto. pa r ata n to. . ... .. . . .

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