sábado, 20 de agosto de 2011

fluxo

Meu peito queima a insensatez meu orgulho queima a tua falta uma faca cravada no meu peito chamejando a saudade do teu toque desconhecido, da tua voz tão doce inimaginável escorrendo pelo meu ouvido desce até minha boca e as tuas palavras enfim se confundem às minhas te desejo com a tua própria língua e na tua garganta se forma o silêncio que nos abraçará exaustos de uma vez por todas e amém, uma pausa e uma respiração profunda, alívio inconsequente sobre lençóis rouquidão nos gritos do corpo, sangue de estrelas derretidas no teto com a luz apagada e da janela entra o sopro de um deus adormecido que nos carrega para longe de todo o veneno de agulhas escondidas debaixo do tapete felpudo. Alcanço os teus braços e te carrego tropeçando em cada galho de recordação despenco meu rosto na terra já suja de outro sangue e tu agarra a minha mão com uma ferocidade etérea, tu me obrigas a tua presença desmedida, deito a cabeça no teu peito e o sonho dita o ritmo pelo qual tu dança uma ciranda com os olhos cheios de flores ou de nuvens. Como uma lua que nasce violentamente acima e além de nossos céus, teu nome desenha em minha noite o carinho e o zelo da esperança, a utopia que guia os meus passos no asfalto derretido.

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