terça-feira, 6 de novembro de 2007

Conversa de nós dois

Parte 1(Ela)

Caminho pela sua noite. Piso nas nuvens dos sonhos, encontro sustento entre tufos de algodão e névoas de vida breve. Faço cafunés nos seus cabelos. Seguro suas mãos. Tudo estaria seguro, não fosse nossa ameaçadora segurança. Isso não importa. Mais.
Tranço todas os laços que você me dá. Rio dos nossos presentes perfeitamente entrelaçados. Você fica com raiva. Você grita. Você esperneia. Mas eu sou a criança.
Sua criação indefectível: toda sua. Por isso não posso ser nada, porque sou toda sua. Como uma tela que precisa estar em branco. Você gosta das tintas, das cores, no entanto é egoísta e quer tudo para si. Tenho que ser a luz sobre o poste, você cospe na minha base, me destrói e me deixa por um fio de concreto. Se não pode me segurar entre os dedos, não me deixa ir. Porque a luz é toda sua.
Tente entender, não é de você que eu tenho medo.
É de mim com você.

Parte 2(Eu)

Tente entender, não é de nós dois que tenho medo.
É de viver sem você.
Tudo gira quando eu fico só.
Tudo fica quando eu giro só.
Preciso de você para girar comigo, nessa brincadeira que se dependesse de nós duraria a eternidade. Preciso de você para cantar enquanto eu toco, para consertar minhas falas e falhas. Preciso só por precisar, só por gostar de estar, por gostar de ser, não eu, mas eu com você. A luz que veio para me mostrar o caminho, iluminar a estrada enquanto eu caminho... Sozinho.
Choro pelas suas tristezas, e rio pelos meus pecados. Os dois sempre alinhados, e a linha que nos liga não é nada mais que amor cortado e remendado.
Procuro a você pra me ver no espelho, não o que sou, mas o que acho bonito ser.
Porquê de feiúra já cansei, vivendo nessa terra sem ter você.


Solitude e Gabi.

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