terça-feira, 6 de novembro de 2007

Para nunca mais sonhar

Quantas vezes eu já sonhei nos vendo sentados juntos naquela cama, olhando pela janela aquela paisagem fria, mórbida e desértica que se estendia ao horizonte. O azul-marinho infinito do céu da madrugada, salpicado por milhares de estrelas que brilhavam e contrastavam com toda aquela escuridão, mas, num ato de contradição eram ofuscadas pela luz da senhora da noite, a lua. Prateada, quase branca, mais parecia a luz dos postes que iluminavam as ruas das cidades, mas ela, porém, iluminava toda a imensidão do céu e da terra, até que o sol se fizesse presente e se pusesse a trabalhar.

Quantas vezes eu já sonhei nos vendo deitados juntos naquela cama, esquecendo de todo o resto do mundo, olhando fixamente nos olhos um do outro, com corpos desnudos que se aqueciam mutuamente no frio da madrugada. Sentindo o desejo, a excitação, tudo em reciprocidade. Entregando-se um ao outro por completo, no mais belo e sublime ato de amor, onde medos e preocupações vão embora, e tudo o que sobra é o carinho e o afeto que um sente pelo outro, numa noite em que o amor se apresentava como o protagonista da história, e nós, meros personagens submissos e controlados por este.

Quantas vezes eu já chorei por acordar e perceber que tudo o que acontecera havia acabado.

Por perceber q eu estou sozinho, sem você sentada ou deitada ao meu lado.

Por ficar triste ou alegre, e não me importar, apenas porquê não tenho você para meus sentimentos compartilhar.

Por não te ver, por não te ter.

Por te querer e não poder.

Por te aguardar e você nunca chegar.

Por sentir, por te amar.

Por ter sido enganado.

Por descobrir que tudo o que eu pensei que tinha nunca me fora dado.




[Solitude_]

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