A vida traz o cansaço
E o cansaço assassina a esperança
A esperança em falta culmina no crime
O crime na culpa
A culpa no julgamento
O julgamento na sentença.
Somos todos criminosos
Quando somos descobertos.
Escondemos nossos crimes,
Os mais bárbaros crimes,
Até de nós mesmos.
E vivemos todos presos
(tal é nossa sentença),
Encarcerados em nossas mentes:
Onde, em celas, guardamos os segredos:
São alimentados duas vezes por dia
Mas nunca têm direito ao banho de sol.
Os segredos não podem ver o sol.
Não podem ser livres nem por um momento.
Nós não podemos deixar de ser inocentes.
Ninguém irá comer o bolo para provar de seu recheio.
Tudo se manterá intacto.
Mesmo com a lancinante vontade,
O bolo se manterá intacto.
E ninguém provará de seu recheio
Ninguém provará o recheio culpado
Do bolo de inocentes.
O recheio guardado, escondido
Aos olhos de seus próprios criadores.
Por enquanto
(uma música ao fundo),
Nos contentamos com os docinhos e refrigerantes da festa.
Um comentário:
no fundo, todos temos segredos obscuros.
no raso, todos somos inocentes;
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