quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Asas Brancas

"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."
Clarice Lispector


Para Diêgo Aurélio


o céu era aquela
mistura de tons
de cinza.
a estrada
se fazia ver
ao longe,
dissolvendo-se
com o horizonte
de tal forma
que não se podia
distinguir
um do outro.
as pradarias, merencórias
ante a última luz do sol,
anunciavam
o entardecer que já vinha
e também já ia,
como tudo o mais
nesse mundo.
e ali, naquele cenário
que meus olhos encheu
com uma
melancolia saudosa,
um anjo:
a pele pálida
envolta em
trajes negros,
suas asas abriam-se
num esplendor espectral
e sua imagem tremia
como naqueles
velhos filmes
americanos -
de braços abertos,
ofereceu-se
a caminhar ao meu
lado
por aquela estrada...
talvez para o início,
talvez para o fim,
talvez sem destino ou,
quem sabe, para o céu.

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