quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Meu grito

Meu grito voa com o vento,
perdendo-se na imensidão
do silêncio, dissolvendo-se
no espaço e no tempo - matéria
barata de constituição inexata,
absurda, inconcebível.

Meu Grito deixa um rasgo profundo
no seio da noite: quando roncam
os cadáveres, ele ecoa pelas
planícies da alma e se desfaz
em um milhão de lágrimas contidas.

Ah, meu grito... queria eu gritar
o grito dos loucos, das mulheres
em pranto... mas, só me foi dado
esse grito mudo, um choro seco
e travado que não passa da garganta...

Por isso me contento com esse canto
a que chamam poesia. E compreendo
que meu grito foi gritado amanhã
e hoje ele se esvai, preso em suas
próprias correntes.

Porque o meu
grito sujaria de sangue a cara do mundo,
e o meu canto torna bela a minha dor.

Um comentário:

Natália Dino disse...

Putz, gostei demais dessa. Do grito e do canto. Foda.