terça-feira, 11 de outubro de 2011

teus olhos uma lagoa de esperança

cinco besouros mortos espontaneamente e suco de laranja derramado no banheiro – nada é unânime – a realidade pode ser contestada – carrego cadáveres em pá de lixo atirando-os pela janela com uma breve prece de despedida, foi hoje que vi o sol nascer no teu sorriso, o sol apesar do frio o céu apesar do frio, apesar dos teus olhos cansados que só pude reconhecer na breve manhã e disse que eram lindos, lindos espelhavam algo mais alto mais além que a face do mundo escondida por trás de lentes de pó e saudade, a solidão e a serenidade daquele azul me retorceu as veias num claro estupor de puro êxtase eu queria estar ali, ali afogado em tua mente branca límpida como a tua mão que tentei aquecer na minha e depois foi só carinho e vontade de abraçar. a chuva aconchegante, nenhum vento, um telefonema e um reencontro inesperado às cinco da manhã, espalho palavras para enfeitar as paredes do meu quarto, o chão brilha enquanto rasgo minhas mãos tentando estar nele ser ele, eu também preciso de um pouco de brilho wowonderful why are you like this like this just like stars numa tarde febril do mês dez como cometas desabando aqui embaixo, sim, aqui sim embaixo da minha janela eu quase pude ver mas me escondi baixinho sussurrando pais nossos de olhos bem fechados, as unhas arranhando a pele dos joelhos balouçando num ritmo tão... engraçado... era dança coberta de lençóis de angústia lençóis brancos de angústia branca e memória perdida no tempo e no espaço como um grande baú de madeira com artefatos antigos, a última moda do verão passado, durmo ouvindo as cigarras morrerem, a chuva desabando sobre o teto do meu desespero.

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