meu mais belo canto,
gritado a plenos pulmões
pelas ruas, nas madrugadas,
acordando quem quer que fosse,
um rosto desconhecido, uma
caricatura qualquer, perdeu-se,
perdeu-se, eu digo que perdeu-se,
pois o deixei escapar, não de mim,
isso negarei, pois está aqui, ainda,
em meu peito, fazendo alvoroço,
machucando, não, não de mim,
mas de algo como uma corrente
de seda que nos envolvia, um nó
que não incomodava, uma pétala
de rosa junto à pele suada...
e agora que todo meu lirismo
e toda minha poesia são
PRESCINDÍVEIS
declaro morto este a quem habito,
um corpo atolado num montão
de merda, de mentiras sórdidas
envoltas por uma escassa camada
de egoísmo, um véu de sombras
cobrindo os meus verdadeiros olhos,
declaro-o MORTO, sentença ir
Re vo gá vel.
não deixarei que a vida novamente
corra, tropeçando, pela rua onde
meu cadáver dorme intranqüilo, NÃO
DEIXAREI que a vida se abata sobre
mim como um pássaro sem asas numa
queda vertiginosa e, no fundo, tão gostosa,
tão gostosa com o vento a beijar-lhe o rosto
com violência, como se fosse o primeiro
e o último beijo de dois amantes eternamente
distantes, despedindo-se sem o romantismo
tão desejado, mas com o furor do sol ao meio-
dia, a força do tapa que a vida me dá na cara
antes de negar-se, antes de dizer que já não
Me quer (não me chamará de baudelaire) que há
muito tempo não me deseja com paixão...
paixão extinta, canto fugidio, voz seca
com a garganta arranhando, pernas bambas
e o telefone que me convida sempre a ligar-te
Li gar te como uma tarefa reconciliadora, pazes
comigo mesmo e com a tua paz, tua felicidade
destroçada pelo meu decadentismo, pelo meu
mundo pérfido cheio de ruindade e de falta
de coragem, tua paz, tua felicidade esfolada
como um pau de moleque, sangrando, sangrando
a minha vontade de estar só e só contigo, o ego
Ísmo proveniente da paixão descontrolada, tão c ego
cego de ti, te tanto queria e contudo já não podia ver
que entre as tuas pernas minha mão não era bem vinda
e que nos teus ouvidos o meu sopro era gélido e
incômodo, um assomar-se repentino de forças já ex
tintas, o ódio, o ódio, o ódio e mais algumas coisas
que é melhor nem falar... Eu não trairia nem o meu
mais amado inimigo, quanto mais a ti, a ti, justo a ti
que dizes e maldizes que traí. Minha palavra é de novo
a mentira que tu te concebes, é o tsunami engolindo
a nós dois, nos jogando na parede e eu te jogando na parede
e tu deitada na tua cama, sozinha ou com qualquer
sorriso fulgurante de desejo e desejo tenho eu quando te
jogo na parede do meu quarto, essa parede que não me
protege de mi mesmo, essa parede que definitivamente
sequer me protege do cara que trabalha no quarto ao lado,
do barulho da televisão na sala ou da conversa exagerada
das meninas na cozinha. quem foi traído fui eu, cansado,
exausto dessa mesma mentira que me é sempre contada,
desses mesmo sonhos inacabados, tão frustrados quanto
os do malandro na esquina, sonhando em se dar bem e eu
sonhando, sonhando, ironicamente sonhando, inutilmente
sonhando o teu sonho, tu no meu sonho, assim como fazem
os jardins com suas rosas no outono, traído, traído, traído
por aquela que me prometeu o mundo e bilhões de estrelas
que agora acordaram e estão caídas lá no mar da praia que
ficou há três mil quilômetros daqui, três mil qui lô me tros
do meu pé descascado como uma banana pelo frio, traído,
e a palavra, sacana, aqui, se usando outra vez de mim, como
se nada houvesse acontecido, como se estivesse tudo bem
entre nós, SINCERIDA DE o caralho, pra quê? Tu me traís
te, vagabundas, ordinárias no pior sentido que a palavra (outra
vez o teu nome dito entre tantos outros, nojenta) pode ter.
podes rir, escrota, e lambe os cabelos do meu saco depois
para pelo menos me dar o mínimo de prazer depois de tanta dor...
E SEM ALMA CORPO ÉS SUAVE SUAVE SU A AVE
GALINHA, filha da puta e os meus xingamentos já estão
se esgotando, o pior é que sempre é preciso recorrer a ti, sempre
sempre, sempre recorrer a ti como um cão sarnento e faminto
pedindo comida e talvez carinho, mostrar os dentes pra mim
não é sinal de alegria, mostrar os dentes pra qualquer cachorro
é uma afronta imensa, tão imensa quanto esse céu que me abarca
e contudo não pode me abarcar porque não é tão grande e eu re
conheço a presunção dessa oração, oração de todo dia, a presunção, o
orgulho, livrai-me do mal, livrai-me de mim, por favor, senhor,
livrai-me de mim que sou tão mal, livrai-me de mim que sou o suor
de meu culhão pingando no chão entre o limo e meus pés sujos de lama...
atolado até o pescoço, não, até o último fio de cabelo erguido, atolado
na merda que eu mesmo cuspi, nesse vômito que se materializa num
cárcere horrível, tremendamente horrível e podre, podre, imagine só:
vomito em seu estado concreto, não comida, o vômito, aquele com pedaço
S de feijão ou o arroz mal digeridos, vômito como uma grande caixa de vômito
e eu no meio engolindo o desprazer de ter proferido tantas palavras, vadias
escrotas, de novo pronuncio o teu nome maldito, está acabada a nossa relação,
ou não, acho que não, é sempre preciso voltar e beijar-te os pés, lamber
o teu dedão sujo de terra, como tu é feminina e eu heteros sexual, chupar
a tua FENDA MOLHADA (buceta, entendeu?) e um sorriso enorme ameaçou me vir à cara,
lembrei do filme de ontem e lembrei que ontem mesmo tu te usou das mesmas
vadias que eu pra me esculachar feito um cão sarnento e faminto que te pede
comida e talvez carinho, passa a mão na minha cabeça, vai, perdoa os meus
erros que tanto me maltratam, eu não preciso de outra punição senão da minha,
ai, que porra, do something with your pain, pardon, je ne peux pás parler avec toi,
minha mãe não deixa que eu fale com estranhos, estraños e esse delírio
infernal que não cessa, esse delírio que é a minha cabeça se enterrando no resto
Do meu corpo, minha cabeça de mil toneladas como uma espada fincada na pedra,
EXCALIBUR, ARTHUR, EXCALIBUR!, tira essa porra de mim, vai, meto porrada
em qualquer um que me tirar a cabeça, esqueço que tu já me deixou sem ela e duvido,
duvido se eu seria capaz de triscar-te um dedo que não fosse um dedinho carinhoso...
deixa, deixa, tem um travesseiro esperando ansioso para que eu repouse este
poço de coco, essa latrina que se move e que diz PENSAR, pensar, meu deus, meu
amado deus, me diz pousque tu me destes um fardo tão penoso e indesejado, pensar,
e olha que eu nem penso tanto, deliro, alucino diante de tudo e tudo pra mim tem O
TEU NOME, amargo, amargo e incrivelmente doce, doce como rapadura, que saudade,
nunca gostei de rapadura, mas, que saudade da minha terra que deixei os pés descalços,
nordeste, meu amor, meu maranhão, me devolve de volta a tua vida, o teu calor e eu estou
tão só entre esses lençóis para frio, edredom, que viadagem, estou aqui e sou mais um dos
teus tentando a vida em sampa, tentando a vida e a vida pra mim tem o teu nome, tem o teu
nome e o meu canto tem O TEU NOME e deveria ser tudo em maiúsculas, maiúsculas pra ti
perceber, perceber mesmo, pra não correr o risco de passar batido e de tu nem ler esse texto
horroroso que não tinha a mínima pretensão de ser o que é... ai, devo dormir? tira o teu
sorriso do caminho, tira, vai, tira o teu sorriso do caminho, mas não vou passar com a minha dor, minha dor não passaria onde passa o camelo ou o alfinete, quero passar com a minha boca, com o meu beijo mais que doce, um salgado de suor de corpos e depois tu podes sorrir, não que eu precise deixar mas é bom que depois tu sorria e eu sorria também, os dois, depois de tudo, juntos, felizes, sorrindo, quase satisfeitos.
5 comentários:
Rômulo, ou espeto, como queira. Sempre sigo teus blogger's. Nao sei o que pensar quando li esse, mas, adorei, realmente.
Marlla
its all about you... Marlla Singer...
Gosto demais dos teus textos.Beijos de paty kelly a rainha dos baixinhos
hum, eu acho que duvido.
está decadente, prefiro os antigos!
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