Sentado sob a sombra d’uma árvore
Na terra, longe do mármore,
Observo, atônito, os segredos
Que o homem malsão guarda
A sete chaves, e que aguarda
Serem esquecidos nos enredos.
E diante dos meus olhos se prostra
A resposta que a mim se mostra
Sobre a mentira de realidade.
Mas os que se julgam superiores
Pela nefasta mecânica dos horrores
Desconhecem o sentido da verdade.
***
Ao meu lado, cai uma maçã
E lembra-me o sanguinário afã
Das leis superiores à gravidade.
O mundo podemos conhecer
Apesar de nos recusarmos a entender
A alma e sua pseudo-frialdade.
Ignorando a maldade humana
Resumo-me à condição insana
Do Niilismo absoluto da matéria.
E desprezo a prisão de carne e ossos
Que me enterra em infindáveis fossos
Ao ouvir forte, a pulsação da artéria.
***
Após um momento de distração
Retorno à minha profunda abstração
Do homem em sua medíocre vida.
E num movimento rotineiro
Ergue e desce a pá, o coveiro,
Celebrando mais uma triste ida.
E pergunto a mim mesmo o que reserva
O pós-morte, que em si conserva
O maior mistério deste universo.
E, ao lembrar que tal é meu futuro,
Compreendo meu desejo obscuro
De, na morte, me manter submerso.
Um comentário:
minha maior duvida, minha maior vontade, a maior covardia será mesmo q esperarei ou serei mais uma vez impulssivo...
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