quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Palavra

Qualquer modo de expressar-se,
artisticamente ou não, é incapaz
de suportar o delírio de minha
estética. Uso a imaginação como
único meio possível de um encontro
pacífico entre o início de minha frase
e o seu final – o alfabeto, pilar
de todas as ciências, é prescindível.
Toda publicação é instrumento de uso
abusivo: corrompe a pureza da palavra
em sua essência, sem forma ou significado
predito.

Porque a palavra não nasce no papel,
mas, antes, no corpo. Explode num
estupor convulso e se esvai, foge
pelos pés e se embrenha na selva,
esconde-se atrás de um tronco e enfim
acha um corpo qualquer e faz dele
sua morada, enche-o com sua presença
e o seu perfume de rosas, transforma-o
em cores, em sonhos, em tempo.

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