segunda-feira, 21 de março de 2011

a terceira batida no seio morno do pecado

à terceira batida na porta respondeu, olhando para ambos os lados ao abri-la, certificando-se de que ninguém haveria ali no corredor além dos dois. sozinhos, cúmplices no silêncio do assoalho sem passos - tocou suavemente a sua mão, com a ponta dos dedos, trazendo-o para mais junto de si, abraçando-o convidativamente, deixando esgueirar-se a cintura na sua, inclinando o busto para trás e olhando-o com um sorriso sacana no rosto: a cama e a noite são grandes demais para que eu as tenha sozinha – molhou-lhe os lábios com a língua cheia de saliva, estendendo um pouco o trajeto pela bochecha e até a orelha, conquistando-o com carícias cada vez mais incisivas, menos planejadas - os batimentos cardíacos acelerados, um suor estranho de mãos e corpos entrelaçados, o tremular da lua contra o espelho de olhos agônicos, a madrugada bruscamente cortada pelos gemidos abafados no travesseiro, os dentes cerrados, os cabelos no rosto, o doce da dor e o prazer, sobretudo o prazer que escorria de suas bocas, nuvem portentosa entre unhas cravadas na pele nervosa, sussurros secretos jamais descobertos, luta de amantes desarmados pelo próprio desejo – nenhuma resistência por parte dela, e no entanto é ele quem se entrega, exausto, ao sono no seio já morno do pecado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei.

Anônimo disse...

Adorei.