terça-feira, 6 de maio de 2008

Nada é de ninguém

O poeta é só um homem

Que aprendeu a ser sensível

E que sabe o peso das palavras

Sabe porque vive sendo esmagado por elas.

***

Era um corpo de água.

Protegido por uma armadura de ferro enferrujada.

Impenetrável,

Aparentemente.

A armadura tinha algumas falhas

Mas era impossível alguém, além do corpo de água, conhecê-las.

Porém, ela foi estudada por inteiro.

Cada centímetro seu foi visto e revisto.

O nada se transformou em algo

O bom em ruim

O certo, em errado.

A tristeza, em raiva.

Raiva de quem segura o punhal ensangüentado.

Raiva de quem retira, peça por peça, a armadura.

A água escorre.

E o corpo já não é mais corpo

É somente água derramada

Correndo pelos rios da vida

Esvaindo-se.

Evaporando.

Foi esse o destine daquele

Que escolheu ser água por dentro

E Ferro por fora.



[solitude_]

Um comentário:

*Raíssa disse...

Gostei muito do seu poema, principalmente essa parte: "Que escolheu ser água por dentro / E Ferro por fora."
Dos outro que li aqui, também gostei. Seus poemas são bons, parabéns!
Posso te linkar no meu blog?
Beijos